Foram “sequestrados”, segundo alegam. A PSP diz que cometeram um crime, mas o despacho de arquivamento discorda, em parte. Não irá haver julgamento.
São 226 os manifestantes que após a manifestação da CGTP no dia 27 de Junho decidiram sair de São Bento e fazer uma manifestação marcada à última da hora.
Segundo o comunicado de imprensa da PSP, que o Tugaleaks publicou na íntegra, “[a]tento o cenário de atentado à segurança da circulação rodoviária e considerando a perigosidade e aos riscos efectivos tanto para os manifestantes como para os utilizadores da via de trânsito, foi efetuada uma caixa de segurança e retirado o grupo de cidadãos para um outro local”.
No entanto, segundo o documento que o Tugaleaks volta a publicar na íntegra, a história é escrita de forma diferente.
Segundo o documento, “apesar das diligências (…) não foi possível apurar, em termos indiciários, quem praticou os factos supra descritos…”.
É também mencionado que “forças policiais, manifestantes, transeuntes e automobilistas provaram, através de uma atuação pautada, em geral, pela urbanidade, cordialidade e respeito mútuo, ser possível o exercício pacífico dos direitos constitucionais”. Chegam mesmo a afirmar que os próprios policies fizeram parte da manifestação, quando afirmam que “não se mostraram contrariados ou hostis à manifestação, tendo chegado, inclusive, a haver, por parte dos mesmos, manifestações de apoio àquela manifestação”.
O documento completo
O Tugaleaks falou com um dos manifestantes que afirma, prentóriamente, o seguinte:
O arquivamento era a única coisa lógica a fazer, o processo não fez sentido nenhum desde o início e o próprio despacho de arquivamento desmonta todas as acusações.
A PSP cumpriu ordens, como faz sempre. Mais importante era imputar responsabilidades a quem teve a brilhante ideia. Apesar disso, não se pode deixar de lado um comentário às tácticas e meios repressivos cada vez mais refinados do aparelho da PSP, um possível indicador do que aí vem.
Questionado sobre se voltará a participar numa manifestação idêntica, afirma que “voltaria e voltarei” acrescentando que “enquanto este país for o que é, acho que todos deviam fazer o mesmo”
O Tugaleaks questionou a CGTP, há mais de 15 dias e por várias vezes, sobre o motivo de “abandonar” os manifestantes e não ir com o povo para as mesmas manifestações. Não obtivemos resposta.