A verdade é um dos pontos mais importantes da comunicação mediática mas, ainda assim, isto não impediu que 2020 estivesse repleto de fake news. Em torno da pandemia, muitas formas de difusão de informação trouxeram notícias falsas. Saiba mais.
O ano 2020 tem sido diferente de todos os que temos memória. A vários níveis, este ano tem levado à modificação de conceitos, comportamentos e estilos de vida, criando questionamentos diversos e muito válidos.
Se as tecnologias demonstraram, ao longo do tempo de confinamento devido ao Coronavírus, um grande potencial para melhorar a vida das pessoas – nomeadamente por permitir que estas continuassem a trabalhar em regime de teletrabalho, explorassem o seu blog para renda extra ou simplesmente se mantivessem em contacto com amigos e familiares; a verdade é que o seu lado mais negro também teve manifestações.
Muitas pessoas aproveitaram da pior forma o potencial destes meios e todas as plataformas que digitalmente subsistem para passar informações falsas, sendo que algumas delas chegaram a ganhar um tom de seriedade tão concreto que passaram até nos media convencionais.
As fake news não são uma novidade mas, neste ano, houve inúmeras formas de acesso a informações pouco fidedignas, cujo conteúdo apresentava um potencial danoso para as vidas das pessoas, principalmente quando consideramos a situação atual e a sua seriedade em termos de economia, saúde e bem-estar.
A perpetuação da informação e a sua partilha, hoje massiva, criam, neste universo de notícias falsas um cenário preocupante e que tem atraído a atenção de vários especialistas e meios de comunicação ao redor do mundo.
A BBC foi uma das entidades que se debruçou sobre a investigação desta situação, para compreender quem está a gerar as fake news e criar uma consciencialização na população quanto à escolha dos meios onde a consome.
Saiba quem são os principais responsáveis pelas notícias falsas às quais normalmente temos acesso.
1. Celebridades e comediantes
Um dos grupos que a BBC identificou como fontes de notícias falsas são os comediantes e as celebridades, embora o seu papel neste processo seja distinto e, muitas vezes, involuntário.
Os comediantes e os aspirantes a tal povoam o mundo digital, tanto no que diz respeito aos meios audiovisuais convencionais como nas próprias redes sociais. A comédia tem um potencial de se tornar criadora de informação falsa, uma vez que um dos seus recursos favoritos é a ironia (e também o sarcasmo). Estes recursos fazem com que, muitas vezes, os cómicos apresentem aos públicos afirmações irónicas, que tentam expor o ridículo de determinadas situações. Para os mais desatentos, no entanto, essas afirmações podem ser mal interpretadas, o que faz com que se inicie uma partilha incontrolável de opiniões que demarcam essa referência irónica como se fosse verdade, podendo gerar situações de desconforto ou pânico de forma involuntária.
Por outro lado, as celeridades acabam por passar notícias falsas por se tratarem de figuras públicas destacadas e com uma legião de fãs, que acreditam de forma acrítica nas opiniões expressas ou declarações prestadas. A defesa de ideias, ainda que sem fundamento, podem tomar contornos de veracidade quando ditas por uma figura influente ou destacada pelos meios de comunicação.
2. Oportunistas e golpistas
Tudo o que acontece serve, por norma, de alicerce ao enriquecimento de alguns e é por isso que, em tempos complexos como o que vivemos, o número de fraudes e golpes tende a aumentar.
Algumas pessoas tentam lucrar com este tipo de situação e inventam histórias simplesmente para levar avante os seus desejos de enriquecer. Neste caso, podemos exemplificar com as pessoas que se fizeram passar por assistentes governamentais ou das organizações de saúde, tentando vender testes para o vírus ou curas, sem que tais soluções existissem.
3. Defensores das teorias da conspiração
Ainda que se trate de uma pessoa comum, a verdade é que as redes sociais acabaram por abrir espaço para que notícias falsas se perpetuem.
Desde Março que as teorias da conspiração circulam livremente na Internet, gerando o pânico junto daqueles que acreditam que o vírus foi uma manobra política estratégica, uma criação em laboratório ou um efeito secundário do 5G.
Quaisquer que sejam as teorias e por mais que careçam de fundamentação científica, estas acabam por ser lidas e partilhadas, passando muitas vezes por informação correta quando, na verdade, se tratam apenas de teorias sem qualquer base comprovada.
4. Alegados especialistas e políticos
Pessoas que se apresentam como conhecedoras da área ou como pessoas próximas de quem vive mais perto da realidade trazem também várias notícias falsas para a mesa.
Estas pessoas assumem identidades dúbias, tentando passar conteúdos erróneos à população. Um bom exemplo é o das mensagens de WhatsApp, alegadamente gravadas por médicos e que vieram a provar ser meras encenações em áudio.
Além disso, as declarações de alguns políticos também passaram informações falsas e potencialmente perigosas, sem sustento científico, como foi a afirmação de Bolsonaro sobre estarmos perante uma “gripezinha” ou as alegações de Donald Trump, que sugeriu desinfetantes e luz ultravioleta como forma de tratamento do Covid-19.