Funcionários em greve de 23 a 25 de Dezembro e 1 de Janeiro. Mas a CP está também falida e pode não pagar ordenados este mês.
A greve que além de 4 dias afeta também todas as horas extraordinárias durante várias semanas, foi marcada tendo em conta que foram colocados processos disciplinares pela empresa na sequência da greve anterior. Sendo mentira ou não, existe uma outra face da moeda: a CP não vai pagar ordenados de forma normal em Dezembro.
O Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) redigiu em 14 de Dezembro um comunicado que indicava:
FACE À RECUSA DA CP EPE/CP CARGA DO PAGAMENTO DOS DÉBITOS SALARIAIS AOS MAQUINISTAS/TRACÇÃO, O SMAQ INDICOU BENS À PENHORA NA ACÇÃO DE EXECUTAÇÃO DA SENTENÇA DA RETRIBUIÇÃO VARIÁVEL, HOJE,14DEZEMBRO 2011
(…)
O montante em causa, nesta primeira fase, é 152.669,43€; atingindo até 2006 o valor de 14.000.000 € para a
totalidade dos associados, acrescendo ainda juros de mora e o pagamento dos anos seguintes a 2006.
Download do PDF do sindicado aqui
Em resposta que não tardou, dois dias depois, o Conselho de Administração da CP informa num comunicado ao qual o Tugaleaks teve acesso, “da impossibilidade de proceder aos pagamentos dos vencimentos, no dia 25 de Dezembro, conforme tem sido prática em anos recentes”.
Hoje, a poucas horas da greve, os trabalhadores da CP não sabem se vão ter dinheiro no dia de Natal.
Contratualmente a CP só está obrigada a pagar os salários no último dia util de cada mês, pelo que o aparecimento deste comunicado e pela divulgação que está a ter, apenas serve para criar e ampliar um clima de dramatização, que conduza à resignação dos trabalhadores perante uma brutal ofensiva que o governo está a preparar com vista à destruição e privatização da CP.
CP não cumpre com pagamentos de “extras”
Como exemplo, um trabalhador que trabalhe na empresa há 17 anos pode ganhar 1400EUR.
O “povo” pode achar este valor alto ou baixo, mas o facto é que o trabalhador o mereceu. No entanto, sob este valor, verifica-se neste acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, a CP não pretendia pagar extras a estes e outros trabalhadores.
Os trabnalhadores têm um salário base mensal. E juntamente com isso, prémios variáveis em função das horas de condução, KMs percorridos, trabalho extra em dias de folga e trabalho noturno.
A CP apenas pretende pagar o subsidio de férias e o subsidio de natal baseando-se apenas no salário base. No entanto os trabalhadores descontam sob a totalidade.
Caso a CP queira recorrer terá que “depositar” o valor obrigada a pagar aos trabalhadores. E onde o irá buscar?
O problema da CP não são os salários pagos aos trabalhadores. Mesmo que estivesse um ano com os trabalhadores a trabalharem sem receberem, a empresa não tinha lucro. O problema da CP são os elevados custos da dívida que, por ordem dos sucessivos governos, foi obrigada a contrair e que representam mais de 70% do défice anual da empresa e sobre isto nada se pode fazer.
Tudo isto se passa numa empresa com erros de gestão danosa de há vários anos e sob a conivência deste governo. Tudo isto, é pago pelos contribuintes, numa empresa pública.
Anexos:
PDF do Sindicado a 14/12 + carta CP
Visualização da carta a 16/12 da Administração da CP
Artigo da VISÃO: UTD 590 – sucata a preço de ouro