É uma das maiores empresas de trabalho temporário. Empresas deste grupo trabalham para a ZON, Nokia Solutions and Networks e até para o Banco de Portugal.

As alegações são feitas por vários pessoas a trabalhar para várias empresas, sob um total anonimato, pois as chefias avisaram para este assunto ficar “escondido” até 15 de Janeiro.
A Reditus, contactada pelo Tugaleaks, afirmou que não comenta a situação.

O Natal pode ser mais “pobre” para muitos dos empregados deste grupo empresarial que tem várias empresas a trabalhar até para o Banco de Portugal. Alguns trabalhadores foram contactados na passada sexta-feira para serem informados de que não iriam receber o subsídio de Natal conforme estava previsto até ao dia 15 de Dezembro.

 

Reditus culpa a “troika” e “os bancos” por ter pagamentos do subsídio de Natal em atrasoCallcenter Reditus em Évoram – ano 2011 – foto Callcenter Magazine

 

De acordo com várias fontes, foram designadas determinadas pessoas da empresa, para serem os mensageiros do  da circular interna da empresa onde se podem destacar os seguintes informações para justificar estas medidas: “são medidas impostas pela troika”, “não temos liquidez suficiente” e “o cliente onde você está não nos pagou ainda este mês”.

O Tugaleaks contactou a ZON, onde alguns trabalhadores estão sem receber os subsídios, que não comentou a situação até ao momento.

Quando as pessoas que já sabiam da situação são informadas, é-lhes dito algo como isto:

O seu colega não tinha nada que lhe dar essa informação, isso demonstra falta de carácter e de formação, mas não se preocupe que isso será comunicado internamente.

 

Você trabalha para uma empresa e não tem nada a ver com o que se passa aqui connosco. O que fazemos ao dinheiro da empresa não lhe diz respeito, Você só tem de se preocupar em trabalhar.

 

Já que faz tanta questão, posso-lhe dizer que a estratégia da administração passou por comprar muitas empresas em pouco tempo e por isso as entidades bancárias com quem trabalhamos neste momento não nos concedem crédito, crédito esse que iríamos usar para pagar os subsídios, pois estão elas próprias sujeitas a testes de stress impostos pela troika.

 

Se quer culpar alguem culpe os bancos e a troika.

 

Quando o trabalhador apresenta alguma discordância, o discurso passa a ser outro:

Você prefere ter prendas e não pagar contas? É que, neste momento, ou nós temos dinheiro para vos pagar o salário no final de Dezembro ou para vos pagar o subsídio de Natal hoje. Optámos obviamente, por pagar o salário de Dezembro, pois é essa a nossa prioridade e pagaremos o subsídio de Natal até dia 15 de Janeiro, quando houver liquidez”.

 

Estas são citações de várias fontes. O discurso, esse, varia de pessoa para pessoa e é também consoante o funcionário se encontra colocado numa ou noutra empresa prestadora.

Embora sem comentários da empresa Reditus, o Tugaleaks sabe que isto acontece apenas em algumas empresas. A ZON e a NSN são apenas algumas das empresas com subsídio em atraso, mas por exemplo na EDP que tem trabalhadores pela Reditus no callcenter de Seia o subsídio foi recebido a tempo e horas.

Há também a informação de que hoje começaram algumas pessoas a receber o subsídio, fruto provavelmente da pressão, mas ainda há algumas pessoas sem receberem, estimando-se em algumas centenas de trabalhadores.

 

De acordo com o Artigo 263º do Código do Trabalho, “[o] trabalhador tem direito a subsídio de Natal de valor igual a um mês de retribuição, que deve ser pago até 15 de Dezembro de cada ano”.
O mesmo documento afirma ainda que “[c]onstitui contra-ordenação muito grave a violação do disposto neste artigo”.