O Jornal do PSD Madeira, o Madeira Livre, distribuído mensalmente, insulta jornalistas na sua edição de Agosto. O PSD ou o PSD Madeira, recusaram comentar a situação.
Há 80 meses que o jornal Madeira Livre se encontra em distribuição gratuita fisicamente bem como disponível na Internet.
A edição deste mês de Agosto revela uma surpresa aos leitores: na última página, o jornal do PSD Madeira oferece um desafio: “a quem juntar cem cromos de cada um dos abaixo estampados, oferecemos um remédio contra a diarreia, numa acção de solidariedade“.
Os visados são, segundo o blog Vai e Vem, da esquerda para a direita, Tolentino Nobrega (jornalista Público); Michael Blandy (CEO Grupo Blandy proprietário do DN Madeira); Lilia Bernardes, (jornalista DN Nacional); José Câmara (administrador Grupo Blandy) e Ricardo Miguel Oliveira (director do DN Madeira).
Também no mesmo blog existe um comentário que mostra o “clima” que se vive com o PSD Madeira:
Sempre foi uma vergonha o que esse escroque tem feito (…) [q]uando uma vez há mais de trinta anos no Funchal comprei o Expresso na banca, fui avisado por amigo que devia fazer uma assinatura pois havia quem espiasse o que se lia e comprava e poderia vir a ter problemas. Lembro a quem não se apercebe mas na ilha todos se conhecem e não passa uma semana que não estejamos a encontrar-nos.
A autora do blog Vai e Vem, Estrela Serrano, escritora e responsável por artigos científicos sobre media e jornalismo, comentou ao Tugaleaks que “os jornalistas visados devem apresentar queixa na ERC, no mínimo, uma vez que são achincalhados num órgão de comunicação social partidário enquanto jornalistas, isto é pelo facto de o serem e nessa qualidade escreverem livremente”.
Com o registo na ERC número 125464 e pertencente ao Partido Social Democrata da Região Autónoma da Madeira, este jornal, pelo menos nesta edição, parece ter em falta uma ficha técnica, algo que é obrigatório para qualquer jornal.
Chamar “cromo” a alguém é crime
A jurisprudência em Portugal dita que chamar “cromo” a alguém é considerado crime de Injúria. Um Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra referente ao processo 833/04.9GAVNO.C1, envolvendo um militar da GNR a quem foi chamaram “cromo”, afirma que “[c]onsiderando que o termo “cromo” também pode corresponder a uma “censura”, tendo, pois conotação negativa e ainda ao significado de “palhaço”, “idiota”, tendo, para além daquele desvalor, significância depreciativa conclui-se que o sentido do uso do termo em apreço é variável e depende das circunstâncias” mas que “[a] expressão “cromo” usada em sentido pejorativo ou depreciativo é objectivamente injuriosa“, o que parece ter sido o caso do PSD Madeira.
Para o DN, que noticiou em 2005 este caso levado à relação, “[o]s desembargadores entenderam que “cromo” pode também ter o significado de “pessoa ridícula, alvo de troça, de chacota”, sendo por isso uma expressão “pejorativa”, e que ao chamar “cromos” aos soldados da GNR o arguido quis atingi-los no seu brio profissional, reputação e auto-estima.”
Este é o partido que nos governa.
O jornal pode ser lido na integra aqui ou, em alternativa, o Tugaleaks disponibiliza a última página do jornal onde se verificam os insultos: