Os filhos de militares da GNR com menos de 12 anos vão receber prendas de Natal. O dinheiro é dos Serviços Sociais da GNR para o qual o militar contribui todos os meses com 0,5%.
O Anúncio de procedimento n.º 6136/2014, num valor de 154 mil euros, foi publicado há várias semanas. A situação repete-se todos os anos. Quando se lê no concurso que este é para “[a]quisição de Prendas de Natal para Crianças até aos 12 Anos”, o cidadão pode pensar que os “Serviços Sociais” estão a contribuir para uma causa social. Mas está enganado.
Estas prendas são para filhos dos militares da Guarda com menos de 12 anos.
Valor muito superior ao do ano passado
Estas verbas têm todos os anos feito notícias pela imprensa, mas este ano o valor máximo orçamentado para a aquisição de brinquedos aumentou quase 50%. Em 2011 o valor foi de 74.974.46EUR, em 2012 o valor foi de 74.915,75EUR e no ano passado o valor foi de 88.736,37EUR (com o valor máximo do contrato que podia chegar até 100.000EUR). Este ano, ainda com o País em crise, o valor máximo do concreto será de 154.000EUR, mais 54.000EUR que no ano anterior.
Quem desconta para a SSGNR, e quanto?
Segundo uma fonte oficial da GNR, “os SSGNR não recebem qualquer comparticipação do Orçamento de Estado, pela que a verba usada para o pagamento dos brinquedos têm origem em receitas proveniente das quotas e dos serviços prestados aos beneficiários dos SSGNR”.
As “quotas” a que o Major Marco Cruz das Relações Públicas se refere são, na realidade, valores que os militares pagam todos os meses aos Serviços Sociais.Valores esses que o estado paga aos militares. Por norma, cada militar (cerca de 25.000 pessoas) desconta 0,5% do seu vencimento. O desconto não inclui apenas vencimento base mas sim o suplemento das forças de segurança, suplemento de escala, suplemento de patrulha, outros suplementos inerentes ao tipo de serviço e gratificados.
Alem da receita proveniente dos militares existe ainda a receita da farmácia que é exclusiva para uso de militares da GNR e das casas que os Serviços Sociais da GNR têm para os militares passarem férias que são alugadas, a preço baixo comparado com o mercado normal.
Uma pequena parte do valor das prendas são pagas com dinheiro que vem do Estado, descontado por militares para os Serviços Sociais da Guarda.
Puzzle do ano passado vinha com defeito
Como se o facto de dinheiro que o estado paga a militares esteja indirectamente e em parte a ser usado para a compra de prendas de Natal, há ainda o facto de, no ano passado, e tal como noticiado em exclusivo pelo Tugaleaks, uma das prendas de Natal veio defeituosa.
A descoberta foi feita por uma criança de 5 anos que notou que o Puzzle “Aprendo o Abecedário”, da Educa, não tinha a letra Y, embora as letras “K” e “W” estivessem presentes.
Na altura vários militares mostraram a sua insatisfação por estarem a descontar “para isto”.
Portanto já sabe, se precisar de relógios basta pedir à Câmara de Almada e se precisar de prendas de Natal, basta pedir aos Serviços Sociais da GNR.