O ano já é 2019 e há tempos em que as mulheres no planeta todo lutam por igualdade de género no mercado de trabalho. Muitos progressos foram feitos na última década no que respeita à igualdade de género, hoje em dia ainda podemos notar algumas discrepâncias.

A diferença salarial segue como um dos principais problemas e provavelmente não será resolvido em 2019 ou tão cedo. Segundo o relatório recente do Fórum Económico Mundial, será preciso muitas décadas para que haja igualdade completa de salário entre os género.

Ainda segundo o relatório do Fórum Económico Mundial, as mulheres recebem aproximadamente 74,5% do saldo dos homens mesmo quando ambos gênero ocupam o mesmo cargo.

Alguns grandes desafios enfrentados pelas mulheres no ramo empresarial

Segundo dados da Pew Research, actualmente existem apenas 26 mulheres no cargo de CEO entre as 500 empresas mais valiosas do mundo. Isso representa só 5,2% do total. Quando o número sobe para as 1000 empresas mais valiosas do mundo, a porcentagem fica praticamente a mesma e vai para 5,4% de mulheres como CEO.

Esse número é preocupante e mostra como as mulheres ainda têm menos oportunidades de subir até o topo de uma grande empresa.

Em 2018, 15 mulheres de destaque no mercado empresarial fizeram um artigo no site Forbes e deram algumas dicas para aquelas que desejam crescer nos negócios.

Tracy Repchuk, da InnerSurf Online Brand & Web Services, disse que “muitas mulheres ainda têm medo de requisitar o ordenado que lhe acha certo e isto é um erro comum. É preciso aprender a ter confiança e perder o medo para demanda do dinheiro justo”, relatou Repchuk.

Para LaKisha Greenwade, da Lucki Fit LLC, é fundamental saber liderar e colocar-se em posição para tal, pois ultrapassar essa barreira é importante para evoluir dentro da empresa. Greenwade aconselha a buscar a confiança necessária para ganhar respeito das outras pessoas nas reuniões e falar sempre que julgar preciso.

Outro grande desafio

Uma pesquisa recente da Rockefeller Foundation com a Thomson Reuters Foundation chegou a conclusão de que 53% das mulheres acreditam que ter um filho prejudica na construção de uma careira.

Na ocasião, a pesquisa não fez distinção de emprego, ou seja, as oportunidades reduzidas por conta da maternidade podem atrapalhar em diferentes profissões.

Superar essa desconfiança em muitas áreas do mercado de trabalho leva tempo e provavelmente continuará sendo um dos maiores desafios da actualidade e para os próximos anos.

Todas essas questões citadas alhures ajudam para que as mulheres ainda tenham menores oportunidades no mercado de trabalho, e isso é facto na maioria das profissões.

Os desportos como parte relevante do processo à igualdade

O progresso realizado nos desportos nos últimos anos é positivo e encoraja o futuro. Nesse âmbito, os avanços são evidentes e muito importantes para o processo de paridade entre homens e mulheres.

Entre alguns desportos que destacam-se nesse assunto, o ténis aparece entre eles e conseguiu um avanço interessante nos últimos anos. Os quatro maiores torneios do ano, que são Roland Garros, Wimbledon, US Open e Australian Open, pagam o mesmo para os homens e para as mulheres. Em 2007, Wimbledon tornou-se o último dos Slams a oferecer pagamento igualitário.

Muitas jogadoras foram relevantes no processo de igualar a premiação. Serena Williams, reconhecida por ser uma das maiores jogadoras de sempre, sempre foi muito crítica quanto ao assunto.

Apesar dos quatro Slams oferecerem pagamento igual, o calendário completo da Women’s Tennis Association não é totalmente igualitário em termos de salário das mulheres e ainda há progresso a ser feito.

O póquer também é muito importante na trajectória dos direitos iguais das mulheres no mercado de trabalho. Esse é um dos poucos desportos a nível mundial que não diferença de género. Algumas conseguem se destacar entre os melhores do mundo, como é o caso Katerina Malasidou, que é uma profissional consolidada nesse desporto.

Além disso, as mulheres já estão consolidadas no Salão da Fama mundial desse desporto, como Barbara Enright, Linda Johnson e Jennifer Harman. Vários eventos de relevância no cenário mundial do póquer, como no World Series of Poker, são dedicados apenas às mulheres e chamados de “Ladies event”.

No processo rumo à igualdade, como é possível acelerar o processo?

Há algumas mudanças que precisam ser realizadas no mercado de trabalho para acelerar o processo. Uma delas é naturalmente dar mais oportunidades às mulheres, como acontece em países como Dinamarca, Suécia e Noruega.

Nesses três países escandinavos citados alhures, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho é bem grande. Na Noruega, por exemplo, o lado feminino chega a ocupar até 48% de todo trabalho realizado no país.

Contratar mais mulheres não é apenas dar chance para elas. Está comprovado que as empresas em que as mulheres ocupam no mínimo 30% da liderança são mais propensas a crescer.

“Que tal incentivar mulheres a candidatarem-se para as suas vagas? Dê chance para que elas possam mostrar o seu trabalho, avalie as candidatas única e exclusivamente pela sua competência profissional. E se você for líder de uma mulher, incentive-a a ir ainda mais longe na carreira, ofereça oportunidades de crescimento e dê o devido crédito quando o trabalho for dela”, diz Susan Ayarza, directora de marketing do Google.

Como fica Portugal na igualdade no mercado de trabalho?

A situação não é das melhores. De acordo com o relatório de 2018 de Desigualdade de Género do Fórum Económico Mundial, publicado em dezembro do ano passado, Portugal ocupa a 37ª posição entre 149 países.

A fraca colocação significa recuo de quatro lugares face a 2017 e a queda no ranking é um problema relevante para os próximos anos.

Enquanto Portugal cai na tabela, a Islândia segue como principal país no que diz respeito à paridade entre géneros e Noruega e Suécia, respetivamente, completam a lista dos três primeiros.