O Pai de Madelaine disse que “palavras não podem descrever a angústia e o desespero que sentimos”. Seis anos depois, continua a angústia e o desespero.

Madelaine desapareceu faz hoje 6 anos, na noite de 3 para 4 de Maio, na Praia da Luz, Algarve. O caso tornou-se um dos mais mediáticos e tocou famílias inteiras. As teorias da conspiração, ou simples possibilidades, foram-se tornando à medida que os meses, e até os anos iam passando. Mas seis anos depois, já com a investigação em Portugal encerrada, ainda se investiga no estrangeiro e há mesmo quem faça da sua missão passar a pente fino a investigação feita em Portugal.

 

Madelaine McCain: seis anos depois, o que é que se sabe?

 

4.5 milhões de libras

Portugal parece estar atrás dos outros países no que toca à investigação da Madelaine ou não haveria necessidade da Scotland Yard investigar novamente o caso, incluindo pistas e informações de Portugal, numa operação que custa cerca de 6 mil libras por dia.

 

Quando começou o aparato mediático?

O Tugaleaks contactou dois jornalistas que tiveram, de uma forma ou de outra, ligados a este caso. Luís Fontes, que na altura trabalhava no 24 Horas e trabalha hoje para o DN, disse ao Tugaleaks que ficou um mês a trabalhar, tendo chegado no dia seguinte ao desaparecimento da menina. Conta-nos também que “[a] primeira conferência dos pais foi marcante. O circo mediático brutal. Até assessor de imprensa tinham. Tudo muito bem orquestrado” e que lhe marcou “a viagem de Kate e Gerry McCann a Roma. Até o Papa abençoou a foto de Maddie sob os holofotes de todas as estações televisivas do mundo. Coisa tão estranha.”

Outro dos jornalistas contactados é Duarte Levy, jornalista freelancer. Conta-nos que  “me telefonaram com instruções para acompanhar o caso, o que fiz desde a noite do desaparecimento. Nessa altura já circulava a informação de que uma criança inglesa, filha de médicos, tinha desaparecido”. O que impressionou mais Duarte Levy “[n]uma primeira fase, foi o próprio desaparecimento e a emoção que imediatamente se criou em Portugal. Depois, penso que foi a rápida implicação de especialistas em comunicação – Alex Woolfall e Clarence Mitchell – o que mais me impressionou. Algo de completamente anormal… Revelava, entre outras coisas, o grau de implicação do governo inglês no caso. Marcante, até no inquérito, foi o trabalho dos cães ingleses e os resultados obtidos.”

 

A PJ fez o seu trabalho?

Torna-se hoje evidente, em plena crise, que as forças de segurança e de investigação pecam por falta de meios. Há seis anos atrás será que era igualmente correcto pensar desta forma?
Luís Fontes acredita que “a Polícia Judiciária fez o melhor trabalho que conseguiu. A pressão mediática não ajudou os investigadores. Mas aprenderam. Acreditaram na tese de rapto e só depois foram para a teoria da morte da criança com ocultação de cadáver. Só no CSI é que as coisas são fáceis. No terreno é outra coisa…”.
Duarte tem uma posição também na mesma linha ao afirmar que “[n]a minha opinião, e dada a pouca cooperação dos pais e dos amigos do casal e tendo em conta a enorme pressão politica e diplomática que existia, o inquérito e o trabalho da Policia Judiciaria foi o melhor possível. Lembro-me que algumas diligências ficaram por efectuar por esses mesmos motivos. Foi um caso muito estranho. Se tivesse que lhes que fazer uma nota critica, que não tem directamente que ver com a investigação, diria que o grande erro da PJ foi a falta de uma estrutura de comunicação com a comunicação social. Isso levou a uma mediatização descontrolada que afectou em muito o caso.”

 

Onde está a Maddie?

Tanto Luís Fontes como Duarte Levy descartam teorias da conspiração. Luís acredita que este caso, um dia terá explicação”enquanto Duarte acredita que “passados seis anos continuo a acreditar que a criança nunca saiu de Portugal”.