O desperdício de verbas em clima de austeridade faz com que o 25 de abri este ano tenha um sabor amargo. Em plena crise, gastam-se dezenas de milhares de euros para comemorar a liberdade.

Foram situações denunciadas pelo site Má Despesa Pública e também pelo Semanário o Diabo. São casos onde a austeridade passou, de olhos fechados. São casos onde milhares de euros são usados para comemorar a liberdade, no ano em que a escravidão económica está no auge.

 

25 de Abril: autarquias pagam milhares de euros para fazerem a festa

 

Almada: a festinha superior a 50 mil euros

O programa das festas diz que “a praça da Liberdade em Almada recebe mais um espetáculo comemorativo do 25 de Abril, desta vez com a presença de Sérgio Godinho e Boss AC”. Mas para este concerto gastaram-se 24.500EUR. E é claro que, para comemorar Abril faltava também o habitual fogo-de-artifício, que custou 20.300EUR. E como se a festa não pudesser ser apenas local, a Câmara investiu ainda perto de 10 mil euros em publicidade… na SIC.

 

Paredes: um monumento que serve para… qualquer coisa

O Município de Paredes é um dos que faz parte do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL). Em Outubro de 2012, em declarações à Lusa, Luisa Tadeu deputada do PS afirmou que o empréstimo concedido por este programa era por causa da “situação calamitosa das contas da autarquia”. A mesma autarquia, meses mais tarde, resolve gastar 25 mil euros num monumento efémere. Sim, daqueles de curta duração. E, por falar no monumento, alguém sabe o que é “IMPLEMENTAÇÃO DE UM CIRCUITO ABERTO DE ARTE PUBLICA NO AMBITO DA CIDADE CRIATIVA PARA O DESIGN DE MOBILIARIO”? O monumento serviu para isso.
Esperemos sinceramente que as contas da autarquia melhorem.

 

Santiago do Cacém: despesa castiça

Deolinda foi atuar a vila Nova de Santo André. Curiosamente, de castiças que são algumas músicas, fica também castiço na goela dos portugueses o valor de 19 mil euros gastos em tão prestigiada comemoração. Onde há fado castiço há dívida castiça. E como não podia deixar de ser, a 15 de Fevereiro, foram mais 18 mil euros para a organização da Procissão das Cruzes. E, curiosamente, foi pago a uma Fábrica… da igreja paroquial. Amen.

 

Serpa:  haja festa… deixem lá as urgências do Hospital local

Em Serpa foram gastos 15 mil euros em fogo-de-artifício. Problemas? Parece que não. Pois dias mais tarde a mesma Câmara Municipal que comprou o fogo-de-artifício informou também que “tudo fará para que se mantenha um atendimento de urgências 24 horas por dia, no Hospital de S. Paulo”. É caso para dizer, o fogo-de-artifício pode salvar vidas. Ou a falta dele.

 

 

Esta foi uma rápida passagem pelo despesismo Português no dia em que se comemora a liberdade. Em 1974 de acordo com a ficção documental disponibilizada pelo Tugaleaks em Abril, os militares pareciam mais interessados em derrubar o sistema do que em festejar. Hoje, festeja-se, enquanto o sistema económico e o despesismo nos derruba a nós.