Multiplicam-se pela Internet as ondas de protesto contra as touradas. Na freguesia de Pedrouços este ano não há touradas, há festa de música.
Pedrouços fica no concelho da Maia e tem cerca de 12.000 habitantes. Era para ser uma tourada, num local onde não há tradição. Hoje decorre um festival de música em vez da tourada.
O Tugaleaks falou com Miguel Costa, um dos organizadores, que nos explicou o porquê do festival de música em vez de uma tourada:
“Na zona da Maia Pedrouços, à semelhança de uma boa maioria da grande área do Porto, nunca existiu qualquer tradição.
Essencialmente a industria tauromáquica tentou organizar “em favor de uma causa”, pois para a mesma qualquer causa serve.
Ainda nem tinha sido feito qualquer anuncio e nem estavam ainda reunidas todas as autorizações, quando foi divulgado na Internet, um comunicado pela “Prótoiro” (usualmente coloco o nome entre aspas pois o nome, à semelhança da forma de atuar, baseia-se no engano e manipulação, não são pelo touro, mas sim pelo toureiro) em que iria ser realizada uma tourada em que parte dos seus fundos iria reverter a favor da Associação de Bombeiros Voluntários de Pedrouços Maia.
Quando disso se fez notícia, depressa foi criado um grupo no facebook, que em menos de 24 horas já reunia mais de 2000 participantes, e que tudo fez para se manifestar e impedir a realização da mesma. Foram enviados diversos e-mails para a Câmara da Maia e para a Associação, em conjunto com faxes e até mesmo contou com algumas presenças na Associação, que de facto atravessa algumas dificuldades.
24 horas depois, é feito uma declaração publica pelo Presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, em que como não foi nem será autorizada qualquer tourada na Maia.
Aí termina a realização da mesma, no entanto o problema da Associação de Bombeiros Voluntários persistia, e claro que não foi de fácil aceitação verem perder um suposto donativo (pois os donativos pregados pelas touradas tardam ou nunca chegam) e como não nos faz qualquer sentido ajudar apenas animais e esquecer os animais humanos, decidiu-se em realizar um evento, que cujas verbas aí realizadas, irão ser verdadeiramente e a 100% para ajudar a Associação de Bombeiros Voluntários de Pedrouços, que passa por dificuldades.
O evento tem já um nome, FAS – Festival Alternativa Solidária, e foi realizado e organizado em pouco mais do que meia dúzia de dias, constitui o mesmo como cabeças de cartaz os Trabalhadores do Comércio, e diversas outras bandas que aceitaram realizar um concerto solidário.
Nunca saberemos o valor que iriam angariar com a tourada, pois a mesma, felizmente nunca se realizou, mas nunca os valores angariados se aproximariam pelos apregoados.
Mais do que apenas um evento isolado, queremos que seja um exemplo a seguir no resto do país, não é necessário derramar sangue e sacrificar uns para salvar outros, as alternativas estão aí e sempre estiveram, só é necessário abrir os olhos para as ver.”
O festival organiza-se hoje na Casa do Alto, concelho da Maia. Conta com nomes como Trabalhadores do Comércio. E a quem estiver por perto, ainda lá pode ir hoje.