O Catolicismo é a principal religião do Brasil desde o começo do século 16. O país tem o maior número de católicos do mundo, portanto, a forma como os brasileiros veem e entendem a morte segue, de forma geral, a tradição católica.

Um exemplo é o feriado nacional de Finados, normalmente celebrado no dia 2 de novembro. Os enlutados usam esse dia para ir a cemitérios ou igrejas, com flores e velas, para lembrar e rezar pelas almas dos seus entes queridos que partiram.

Ter todo um processo de luto e homenagem aos mortos é elemento comum das culturas católica indígena, africana e europeia. Isso explica por que os diamantes de memorial estão conquistando espaço em diversos países incluindo Brasil. Assim como as homenagens no dia de Finados, estes diamantes são criados com a intenção de lembrar e fazer uma homenagem aos falecidos. E a melhor parte: você não precisa esperar um dia específico do calendário para lembrar com carinho e homenagear uma pessoa querida que já não está entre nós. Você pode carregar o diamante de memorial todos os dias do ano como sua homenagem pessoal.

Os diamantes memoriais são considerados diamantes reais?

Sim: diamantes memoriais são diamantes reais. Eles são criados com o conteúdo de carbono das cinzas ou o cabelo do falecido. Muitos não sabem, mas cientificamente falando, os diamantes são apenas carbono em formato cristalizado.

Os diamantes de memorial (também chamados de diamantes de cremação ou diamantes de cinzas) existem desde os anos 1950, quando a tecnologia foi descoberta. Esses diamantes são considerados reais porque são fisicamente e quimicamente similares aos diamantes naturais. Apenas gemologistas treinados conseguem perceber a diferença, com a ajuda de equipamentos específicos.

A grande diferença entre diamantes naturais e diamantes memoriais diz respeito a como eles são criados. Diamantes naturais são formados e armazenados em “zonas de estabilidade de diamantes” e trazidos à superfície terrestre durante erupções vulcânicas profundas. Essas erupções rompem pedaços do manto terrestre e carregam os diamantes rapidamente à superfície.

Já os diamantes de memorial são criados em laboratório usando deposição química a vapor (CVD) – nesse caso o diamante de memorial tem como origem uma mistura de hidrocarboneto gasoso – ou o método de alta pressão e alta temperatura (ou HPTP – high pressure, high temperature) que usa uma tecnologia que emula o processo de formação natural do diamante.

Os diamantes naturais podem ter coloração bem variada, incluindo preto e branco. Isso é devido às interações químicas, que integram partículas externas na estrutura de carbono de um diamante durante o processo de cristalização. Da mesma forma os diamantes de memorial também existem em várias cores, pelo fato que o corpo humano é composto de elementos diversos, como Boro, que faz o diamante ser azul, ou nitrogênio, que o deixa com coloração mais para o amarelo. Outras cores podem ser alcançadas com a purificação do carbono ou ciclos de tratamento extra na máquina de síntese do diamante.

Por último, ao contrário dos diamantes naturais, que precisam entre 1 bilhão e 3,3 bilhões de anos para se formar, os diamantes de memorial são criados em um processo de produção muito mais rápido. Dependendo de alguns detalhes como corte, quilate ou tamanho, o processo pode levar de 3 a 9 meses.

Diamantes de memorial no Brasil: Processo técnico e tecnológico

O processo de conversão das cinzas de uma pessoa num diamante de memorial é complexo, mas rende belos resultados. Podemos dividi-lo nas seguintes etapas:

Passo 1: Isolamento

Em primeiro lugar, o carbono é purificado e isolado das cinzas da cremada, cabelos ou ossos dos falecidos. O isolamento pode demorar semanas e o resultado é um pó de grafite.

Passo 2: Conversão

O refinamento do grafite e a filtragem dele purificam-no da maior parte de vestígios de outros elementos que não o carbono.

Passo 3: Transformação física

Então, vem a incidência de pressão e calor extremos: num laboratório, o carbono é exposto a temperaturas de até 1400 graus Celsius e pressionado a cerca de 385 mil quilos por polegada quadrada.

Dentro de possantes máquinas, o diamante de memorial começa a cristalizar. Cada diamante de memorial é único e cresce a um ritmo específico.

Passo 4: Limpeza e polimento

O diamante de memorial é removido de uma forma de metal derretido e limpo em banho ácido. Em seguida, vem o corte da pedra e o polimento. O cliente costuma escolher qual será o corte do diamante de memorial.

Passo 5: Verificação

Por fim, a pedra é analisada por um especialista, que confere sua autenticidade. Corte, claridade e cor são examinados para determinar se trata-se de um diamante real. Conforme ocorra a confirmação, um certificado de autenticidade é criado para o diamante memorial.

Um laser grava, ao final, o número de série da pedra e uma eventual mensagem pessoal, determinada pelo comprador do diamante de memorial – ambos somente podem ser lidos com uma lente de aumento de 30 vezes.

Como posso ter certeza de que um diamante memorial é feito com as cinzas ou os cabelos do meu ente querido?

Relembrar um ente querido com um diamante memorial é um processo muito emotivo. O resultado final simboliza uma conexão entre vocês dois. Portanto, é importante ter certeza que aquele diamante de memorial realmente veio das cinzas da pessoa amada.

Em primeiro lugar, boas empresas do ramo entregam um relatório de análise do processo de produção juntamente com o diamante de memorial, que documenta cientificamente a ligação entre o falecido e a pedra.

Além disso, institutos de certificação e controle de qualidade também podem ser contratados para identificar a autenticidade de um diamante de memorial: os diamantes feitos de cinzas exibem diferenças discretas nos átomos de carbono e em sua densidade química. O Instituto Internacional Gemológico, na Bélgica, é uma grande referência nesse ramo. No Brasil, o Laboratório Walter Leite e Laboratório De Classificação De Gemas De Precisão oferecem alguns dos muitos serviços e perícia técnica existentes no campo de análise de gemas e joias.

Conclusão

Conforme demonstrado, a técnica de transformar as cinzas de uma pessoa é resultado de anos de pesquisa científica. Graças a avanços tecnológicos, os cientistas agora conseguem condensar milhões de anos em poucos meses e, ainda assim, garantir a qualidade na criação de um belo tributo em forma de diamante memorial.