Antes de ir ao Parlamento falar à porta fechada, Jose Esteves mandou a sua confissão para os jornalistas. O Tugaleaks disponibiliza o PDF completo.
Por: Frederico Duarte Carvalho, jornalista e escritor (blog – facebook)
José Esteves, o presumível autor da bomba de Camarate, fez chegar à Comunicação Social uma confissão que diz que lhe irá servir de base para o testemunho que vai prestar hoje, dia 16, na Assembleia da República, perante os deputados da Xª Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate. E explicou: “Faço esta divulgação prévia não por desrespeito à AR, mas sim porque sei que vou ser ouvido à porta fechada, facto que vai contra a minha vontade expressa, pois aquilo que tenho a dizer deve ser do conhecimento público”.
As recentes audições na AR sobre o caso do atentado de 1980 contra o primeiro-ministro Sá Carneiro e ministro da Defesa, Amaro da Costa, decorreram à porta fechada. Fernando Farinha Simões, um presumível operacional, recusou-se prestar declarações adicionais àquelas que constam de um vídeo que, desde o ano passado, circula no YouTube. E justificou isso com o facto de o quererem ouvir sem a presença da Comunicação Social, o que vai contra a sua vontade. No entanto, Carlos Miranda, suposta testemunha dos actos de Farinha Simões e José Esteves, foi ouvido na semana passada à porta fechada e aceitou prestar declarações. Esta testemunha confirmou ter tido contactos com José Esteves e Farinha Simões e afirmou ter visto o primeiro a preparar uma bomba numa marquise num andar no Cacém e que a mesma teria sido usada no atentado de Camarate. E, também, na terça-feira, dia 14, Vítor Pereira, ex-inspector da PJ, esteve a testemunhar na AR, igualmente longe do olhar da Comunicação Social.
A audição a José Esteves está prevista para começar hoje pelas 18 horas. Sobre a divulgação antecipada das suas declarações perante os deputados, O presumível autor da bomba deixa uma última declaração: “Conto com os jornalistas para que façam o seu trabalho em prol da Democracia e da ‘coisa pública’, ou seja, da Res Publica”.
Na carta da confissão, que o Tugaleaks divulga na íntegra, podemos ler nomes de pessoas como Frank Sturgis (ao serviço da CIA), Melo Alves, Francisco Pessoa (que o podia “proteger” em Portugal), Vítor Pereira (ex-PJ), Cunha Rodrigues (ex-Procurador Geral da República), Juiz Fernando Vaz Ventura (proposto em 2012 para o Tribunal Constitucional), Marques Monteiro (PJ), Paula Marques (que o drogou na sua residência, alegadamente a mando da PJ), Inspector Superior Felipe Henriques (PJ), entre outros. Na carta, José Esteves afirma que no caso Camarate a PJ foi uma “polícia bandida e contumaz”.
Confissão de José Esteves no caso Camarate
Download do PDF aqui
Em 1981, Daniel Chipenda e Victor Fernandes, combatentes angolanos, conversam com o americano Frank Sturgis, um dos assaltantes do Watergate e representante da resistência cubana de Miami. O local é Lisboa, mais concretamente a Travessa do Giestal, na Ajuda