Os dois convidados portugueses para a reunião dos “Senhores do Mundo” deste fim-de-semana são os líderes do PS e CDS. Passos Coelho ficou de fora dos planos
Por: Frederico Duarte Carvalho, jornalista e escritor (blog – facebook)
Pedro Passos Coelho tem os dias contados à frente do Governo, isto a acreditar na lista dos convidados do encontro do Grupo Bilderberg, que vai ter lugar perto de Londres durante o próximo fim-de-semana. Os dois convidados portugueses escolhidos por Pinto Balsemão – que é o representante permanente português no grupo conhecido como “Senhores do Mundo” -, são o ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS, Paulo Portas, e o secretário-geral do PS, António José Seguro. Esta é a primeira vez nos últimos anos que Pinto Balsemão, militante número 1 do PSD, não convida uma figura de relevo do seu próprio partido.
Os líderes do PS e CDS vão estar juntos e sem jornalistas por perto
Ao convidar os líderes do PS e CDS, o dono da televisão SIC e do semanário “Expresso” mostra que está preparado para aceitar um futuro governo de coligação entre PS e CDS. Esta é uma solução que não é inédita na democracia portuguesa e já foi testada no passado quando, em 1978, o primeiro-ministro socialista Mário Soares fez um acordo de incidência parlamentar com o líder centrista, Freitas do Amaral, “saltando” assim de um entendimento com o PSD, então conduzido por Francisco Sá Carneiro. Face às dificuldades do Governo, o clima político poderá levar a eleições antecipadas e, se o PS ficar à frente do PSD, mas não conseguir obter a maioria absoluta, então a solução poderá passar por uma coligação com o CDS. Em alternativa, teria de ser com um PSD sem Passos Coelho.
Apesar de Pinto Balsemão ser dono de um importante semanário e de uma televisão, estes encontros anuais com políticos e homens da finança mundial ocorrem sem a presença de jornalistas, sem reportagens de enviados especiais, sem reportagens de fundo e sem crónicas ou comentários alusivos ao encontro. Mas, a presença de António José Seguro e Paulo Portas é um indicador tão sério do desencontro entre o militante número 1 do PSD e o primeiro-ministro, que dificilmente poderá passar despercebido da Opinião Pública.
A queda do Governo já poderá estar em marcha e, para tal, basta lembrar como foi em 2004. Nessa altura, Balsemão convidou para o encontro, em Itália, igualmente no primeiro fim-de-semana de Junho, um político social-democrata e um socialista. Um mês depois, o social-democrata foi nomeado primeiro-ministro e o socialista viria a ser eleito meses depois. Chamavam-se Santana Lopes e José Sócrates.
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