Antigo Primeiro-Ministro de Portugal, responsável do Grupo Impresa e pessoa assídua no encontro anual Bilderberg apresentou queixa sobre vídeo polémico.V
José Esteves em Abril de 2012 deslocou-se ao Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus onde Farinha Simões estava a cumprir pena. Ao regressar trouxe consigo uma confissão de Farinha Simões, que foi amplamente divulgada no YouTube, sobre o caso Camarate. No vídeo pode ouvir-se Farinha Simões, a falar por um telemóvel e a dizer que autoriza “a colocar no YouTube todas as declarações que eu faço sobre Camarate”.
Nada faria prever que estas declarações levassem a um processo-crime por difamação.
O processo foi colocado em Setembro de 2012 por Pinto Balsemão, pelo crime de difamação. Alegadamente, alguma parte deste vídeo teria difamado um dos homens mais poderosos da indústria da comunicação social em Portugal.
O processo inicialmente era contra três pessoas: Francisco Farinha Simões, Elza Oliveira ex-mulher de Francisco Farinha Simões e José Esteves o autor de um engenho incendiário mas que, afirma o próprio, nunca podia ter causado a queda do avião onde viajava Sá Carneiro. Mas há um novo arguido inesperado, o jornalista Frederico Duarte Carvalho, e que nos últimos anos escreveu reportagens e livros sobre Camarate.
Quando José Esteves foi ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) prestar declarações, afirmou, segundo soube o Tugaleaks, que Frederico Duarte Carvalho foi quem gravou o vídeo disponibilizado no YouTube mas que, segundo apurado pelo Tugaleaks, não foi quem escreveu as declarações.
O jornalista e escritor afirmou ao Tugaleaks que está “de consciência tranquila” e que “não fui eu”.
O DIAP foi contactado pelo Tugaleaks e até ao momento não prestou qualquer informação sobre este caso.
Por outro lado, fonte do Grupo Impresa informou-nos de que “confirma-se a existência do processo, por difamação, mas não nos vamos pronunciar uma vez que o mesmo está em segredo de justiça”.
Grupo Imprensa tem provas que desconhece
O Tugaleaks sabe que o processo não tem em conta a existência de um vídeo da 5ª Comissão de Inquérito a Camarate onde o então advogado de José Esteves desmente que Pinto Balsemão estivesse envolvido.
Ironicamente, essas imagens são da SIC, que pertence ao Grupo Impresa.
O Tugaleaks sabe que este vídeo não está indicado no processo no DIAP, mas não conseguiu confirmar se de forma deliberada ou acidental.
O mesmo grupo de comunicação social, já depois do processo colocado às três pessoas iniciais, resolveu levar ao programa Querida Júlia o cidadão José Esteves.
“São coisas que não se percebem”, disse uma fonte não oficial que trabalhou no Grupo Imprensa, “parece que ele [Balsemão] está contra os arguidos mas por outro lado quer que eles falem” adiantando ainda que “há aqui muito provavelmente uma agenda, só ainda não se descobriu qual”.
Recordamos que a queixa foi colocada em Setembro de 2012, ainda antes de começarem os trabalhos da Xª Comissão de Inquérito a Camarate na Assembleia da República. Como Farinha Simões e José Esteves já foram testemunhar, pode cair por terra o argumento de que seria uma mera difamação. A AR considerou que era importante ouvir aquelas pessoas. Aliás, foi na sequência desses depoimentos que os deputados pediram, recentemente, informações à embaixadas de países amigos como EUA, Reino Unido e Alemanha. Deste modo, a pista da CIA é algo que a AR achou que merecia ser investigada, mesmo que isso pareça ser difamatório para o ex-primeiro-ministro Pinto Balsemão.
NOTA DA REDAÇÃO:
Uma semana depois desta notícia, Frederico Duarte Carvalho deixou de ser arguido no processo.