Quem não se levanta, não pode fazer frente á polícia. Esta pode ser uma táctica usada que impede os hospitais de prestarem ajuda às vitimas dos confrontos.
Turquia vive há mais de 15 dias um verdadeiro drama. Jornalistas, crianças, homens, mulheres e até médicos sofrem repressão. Ao início a polícia negava o uso de força, mas depois do mainstream media ter coberto o assunto, foi impossível levar. Embora já tenham havido negociações e até sido proposto um referendo sobre o destino do parque, não é possível neste momento prever um fim dos confrontos.
Segundo a Associação de Médicos Turcos, que publicou um apelo urgente ao termino do conflito e à ajuda da comunidade internacional, existem algumas estatísticas. Segundo o site, 65% das pessoas têm entre 20 e 30 anos mas dessas pessoas apenas 13% usam uma máscara de protecção profissional. Em 11.164 pessoas tratadas, mais de metade (52%) declarou ter estado em contacto com produtos químicos entre 1 a 8 horas e 11% durante cerca de 20 horas.
Português na Turquia relata nas redes sociais
Um Português que se encontra perto dos confrontos, relatou ontem nas redes sociais como se sente:
São seis da manhã cá e acabo de chegar a casa. Foi uma das noites mais inacreditáveis da minha vida e tenho um favor a pedir-vos: por favor divulguem tudo o que puderem sobre a resistência na Turquia. Hoje fui expulso de um parque com uma carga policial. Hoje fui empurrado para um hotel com dezenas de feridos. Hoje fui fechado em salas com gás lacrimogéneo por todo o lado, sem conseguir abrir os olhos de tanto arder,sem conseguir respirar. Hoje levei com um canhão de água com químicos só por estar em frente a um hotel sem estar a ameaçar o quer que seja. Hoje estive nas ruas com o povo de istambul. Hoje construí barricadas com eles, hoje atirei de volta as cápsulas de gás para cima da polícia, hoje fugi lado a lado pelas ruelas com medo da Polis. Hoje passei por Gezi durante a noite e já bulldozers a destruir tudo: o nosso parque, as nossas tendas, as nossas coisas. Hoje vi pessoas quase a asfixiarem, vi feridas abertas nos corpos. Hoje senti um tiro raspar-me as calças. Hoje fui tirado à bruta de dentro de um taxi pela polícia e revistado de cima a baixo, tudo o que estava dentro da mochila, e ofendido por ter um panfleto de Gezi como separador de um dos livros. Hoje volto a casa com uma raiva deste grupo de pessoas, deste grupo de caras, deste grupo de gravatas,destes Tayyips, e desta gente que veste o uniforme enquanto despe a consciência. Hoje chego a casa estoirado, a sentir que não durmo há dias, mas com a energia para correr todas as ruas desta cidade. Hoje chego a casa com mais força para lutar. Principalmente porque sei que não estou sozinho. Mas também sei que se a mensagem não passar aí para fora estamos perdidos. Estou num país onde um homem tem o direito de mandar espancar brutalmente milhares de cidadãs só porque ocuparam um parque. Sei que não podem vir para cá, mas por favor levem-nos para aí.
O que pensa deste conflito na Turquia? Como pode acabar?