Em 2012 prometeu para 2013 e pensava não fazer mais medidas de austeridade. Em 2013 prometeu o mesmo para 2014. E em 2014, o que vai ser?
Basta procurar um pouco pelas notícias a partir de 2012 para percebermos que Passos Coelho promete, repetidamente, crescimento. A promessa, acompanhada por vezes de estatísticas mas sempre de um discurso igual, leva a imprensa a cita-lo sem antes fazer uma procura nas suas declarações.
Depois de uma extensa procura efectuada pelo Tugaleaks, eis os factos:
Em Fevereiro de 2012 passos Coelho, em visita à feira do queijo em Gouveia, afirmou que “Termos um programa de assistência económico-financeira que vai durar até 2014 e nos termos desse programa está previsto que, para o final deste ano, comece já a haver uma inversão do ciclo”.
Acrescentou ainda que “isso significa que a nossa perspetiva é que 2013 seja já um ano em que, gradualmente, a economia portuguesa vai começar a crescer”.
No final do primeiro ano de mandato, quando Passos estava “a aprender com as dificuldades do ano que passou”, afirmava que Portugal estava a cumprir as metas a que se tinha proposto, mas com dificuldades. Estávamos em 25 de Junho de 2012, e Passos na altura, para o próximo ano – o de 2013 – deixava para já de fora mais medidas de austeridade. Na altura, no seu discurso da comemoração do primeiro ano de governação, Passos afirmou que os apoios sociais “têm vindo a crescer mais do que contávamos”.
Na altura, as palavras “alarme” e “crise” foram usadas mais de dez vezes.
As medidas de austeridade vieram. Cortes e descontos para os mais desfavorecidos.
Mas a 27 de Setembro deste ano, Passos afirmou que Portugal vai “com uma recessão consideravelmente menor que aquela que foi esperada”. Contrariamente ao anunciado crescimento em 2013 , agora é 2014 que será um ano de crescimento.
Entre o que diz e o que faz
Há vários vídeos no YouTube que mostram dados ainda mais além do que uma simples pesquisa efectuada pelo Tugaleaks mostra. Um vídeo, criado pelo Esquerda.net, mostra as discrepâncias, desde o “como primeiro-ministro recuso-me a cortar salários” ao “não será necessário (…) despedir gente”.
Mas isto não é crime
Em Setembro do ano passado o Movimento Cívico Tugaleaks apresentou queixa-crime contra Passos Coelho.
Avizinhava-se uma batalha legal… não fosse o Ministério Público achar que tal não era crime.
A queixa foi arquivada sem ouvir as testemunhas e sem investigação.
Do documento de arquivamento, pode-se ler que “O eventual interesse colectivo atingido não está penalmente sancionado e ainda que também se pudesse hipoteticamente dizer que a conduta do 1″ Ministro poderia ser socialmente danosa, tambóm não a encontramos sancionada criminalmente”.