A cultura anda pelas horas da morte quando por se dar “música” aos Lisboetas apanha-se uma multa por licença. Agente da PM ameaçou o músico para não publicar foto.
Pouco depois de se comemorar os 40 anos do fim da ditadura, a 29 de Abril, eis que surge um caso que está a gerar polémica nas redes sociais.
Guilherme Águas Rodrigues, violoncelista da Urban String Music, foi multado por não ter licença para actuar” na rua.
Na manhã de 29 de Abril, na Rua Augusta, foram “abordados por dois Agentes [da Polícia Municipal] que dizem que não podemos estar a tocar sem licença”. Segundo contou Guilherme Águas Rodrigues ao Tugaleaks, “perguntámos se não podíamos tocar na rua, dar música ao “ar”, quando o sr C. Cardoso nos pede as identificações para nos autuar… Autua-nos e diz que a multa vai chegar a casa. Neste momento, que achei ridículo, tiro a fotografia e ele diz-me que se a fotografia for publicada que teríamos mais problemas, ao qual eu respondo ‘veremos então'”.
Contactada a PSP, esta informou que “sobre este assunto informamos que esta ocorrência foi gerida pela Polícia Municipal de Lisboa, motivo pelo qual deverá ser aquele organismo a prestar esclarecimentos”.
Quanto à Polícia Municipal, contactada pelo Tugaleaks, não prestou quaisquer esclarecimentos e nada comentou sobre a aparente ameaça do seu agente.
O caso gerou polémica quando a foto do agente foi divulgada no perfil de Eurico de Barros e outras pessoas. Eurico afirmava, na rede social Facebook, que “[n]a Baixa de Lisboa, trafica-se haxixe à descarada, tal como se roubam carteiras e vende ouro falso, óculos escuros de marcas de luxo contrafeitas e até telemóveis furtados e armas de fogo de baixo calibre. Mas a polícia está é preocupada com os músicos que não têm licença, esses perigosos meliantes“.
Licenças “de bradar aos céus”
Fonte oficiosa da Câmara Municipal de Lisboa afirmou ao Tugaleaks que “as taxas que se pagam para muita coisa aqui são de bradar aos céus”, dando como exemplo os 6EUR por metro quadrado ocupado além de uma licença “de cerca de 400EUR”, quase um ordenado mínimo, para poder actuar nas ruas.
A situação já motivou a criação de um grupo no Facebook “com o intuito de acabar com a proibição da lei que proíbe expor a tua música na rua”.