Fala-se muito da (falta de) democracia política mas, pouco se refere a ausência de democracia nas FA, no trabalho, nas prisões. Contudo, as causas dessa ausência nas várias instâncias têm a mesma origem; constituem elos essenciais do domínio capitalista.
Sumário
1 – O capitalismo global e o novo âmbito do militarismo
2 – O militarismo no contexto da UE
3 – O papel das Forças Armadas (FA) portuguesas
4 – A lusa esquerda e o seu militarismo
5 – Os valores no militarismo
· O quartel como local de elevação da condição feminina?
· As FA como escola de obediência
· O militarismo na cultura comum
O sistema capitalista é constituído por um conjunto articulado de aparelhos que promovem a sua perpetuidade; e esta fica assegurada enquanto o valor criado pelos trabalhadores tem uma aplicação determinada por um minoria que não contribui para a referida criação de valor mas, que se assenhoreia de parte substancial do mesmo.
Para que essa ordem iníqua se mantenha, o sistema cria diversos aparelhos repressivos em torno do Estado – a legislação, os tribunais, as forças armadas, as polícias, as prisões e até a escola – encarregados de submeter, pela dissuasão ou pela punição, os comportamentos desviantes da ordem capitalista.
A pulsão repressiva, interpretada na sua acepção mais lata, não nasce com as crises económicas e financeiras mas, sem dúvida que é mais atuante e penetrante, mais brutal e presente, consoante a profundidade e a duração das crises e a capacidade de resistência ou a credibilidade de alternativas sistémicas por parte da multidão. Antes da atual crise, essa pulsão já se manifestava contra o “outro”, seja este constituído por outros povos submetidos aos rigores da guerra, pelos “fundamentalistas islâmicos”, pelo terrorismo (onde antes se colocava o comunismo), pelos imigrantes, pelos trabalhadores e grupos contestatários dentro das fronteiras dos estados-nação.
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Investigação por Grazia Tanta