Foi escrito no livro e reclamações e é agora contado ao Tugaleaks. Enquanto um doente espera seis horas por atendimento, no Amadora-Sintra, os médicos estavam no Facebook.

Parece quase digno de um filme, mas é a realidade. No Hospital que tem estado na mira da comunicação social bem como de manifestações por falta de condições, existe uma história que ninguém contou. No Hospital Amadora-Sintra (Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca) existem médicos que estão no Facebook a ver vídeos enquanto os doentes estavam à espera.

A situação aconteceu no dia 26 de Janeiro, pelas 17h, quando uma amiga acompanhou um pessoa de nacionalidade francesa ao Hospital que se queixava de “tonturas, dores de cabeça, falta de apetite, falta de força muscular e náuseas”. Passaram seis horas – sim, seis horas – e nada lhe disseram. A acompanhante vai procurar o seu amigo e encontra-o ainda numa maca. Nada de exames, nada de medicação.

Quando o cidadão francês lhe pediu para o tirar dali porque já não aguentava as dores, a acompanhante dirige-se ao balcão das urgências e, depois de alguma conversa, as coisas só se resolvem quando pede uma ambulância para o transportar para outro Hospital. Pelas 23h é posto a soro, são dados comprimidos para as dores e é tirado sangue para análises.

As horas continuam a passar.

Na primeira pessoa foi contado ao Tugaleaks, pela acompanhante, que “vejo as auxiliares em grande converseta, a falarem e a olharem para os telemóveis… pensei… ‘bem são as auxiliares…se fossem os médicos seria grave‘”.

 

hospital-amadora-sintra

 

A rir e a ver vídeos no Facebook

Na continuação do relato ao Tugaleaks, é referido que logo de seguida a ver as auxiliares no telemóvel, num gabinete com o número 18 “estão dois médicos numa pagina do Facebook a ver um video, animados, a rir“.
A acompanhante do cidadão francês diz “olha, olha, aqueles dois estão no Facebook em
plena urgência” e a acompanhante, o doente e uma outra pessoa que os tinha ouvido começam a olhar para o gabinete, todos espantados. Quando os médicos dão conta, fecham o Gabinete, muito possivelmente atrapalhados.

 

Pelas 00:38, enquanto ainda esperavam dentro do Hospital, foi apresentada uma reclamação onde a queixosa solicita que seja “realizada uma intervenção/averiguação nos servidores a fim de apurar quem entrou na sua pagina das redes sociais no computador das urgências gerais do hospital, no exercício das suas funções que é tratar os doentes que se encontram no serviço“.

 

Para terminar, é dito por quem lá esteve 11 horas dentro do Hospital que “o ambiente que se vive no serviço de urgência, para grande parte dos profissionais (que não são a totalidade mas uma boa parcela) é de descontracção, sem pressões nem stress, diria mesmo que para alguns é um paraíso como local de trabalho“.

 

O Tugaleaks tentou contactar a assessora de imprensa do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, sem sucesso. Tentámos contactar também a Ordem dos Médicos para obter uma posição na situação, sem sucesso.

Esperemos que não estejam a ver vídeos no Facebook.