A GNR adquiriu em Janeiro cerca de 130 armários de madeira para o Comando de Lisboa. Os armários, de destino dúbio e inconclusivo, são comprados perante uma verdadeira falta de necessidade.

A 18 de Janeiro foram descarregados junto do Comando de Lisboa da GNr, 130 armários de madeira para uso exclusivo dos oficiais da GNR. O problema é que segundo fontes confirmaram ao Tugaleaks, existem cerca de 130 oficiais. Ou seja,será um armário para cada um?

Enquanto os militares que não têm a “honra” (ou a sorte) de serem oficiais, usam armários de madeira. E a compra seria justificada na referida quantidade, se – e apenas se – não existissem quaisquer armários para os oficiais, uma vez que a quantidade da aquisição, no valor de 52 mil euros, iria ser de um armário por oficial.

Não obstante a aquisição milionária, enquanto os guardas lutam por ter combustível suficiente para os carros de patrulha, são adquiridos para os oficiais os armários para guardarem os seus pertences.

Uma breve pesquisa na Internet mostra que os armários de metal – usados pelo restante efetivo da GNR – são bastante mais económicos que os de madeira.

A GNR foi contactada para se pronunciar sobre esta aquisição desproporcional, mas nada comentou.

Para José Alho, “a ASPIG não pode de maneira alguma estar de acordo” com esta compra. O presidente da Associação Socio-profissional Independente da guarda considera que, a “confirmar-se esta compra a ASPIG pergunta porque os senhores Oficiais não tem armários como os Guardas que são de metal, logo mais baratos”.

 

Blackout da GNR ao Tugaleaks

A GNR desde 2014 que bloqueia o acesso à informação e dificulta de diversas formas o trabalho do Tugaleaks. Sempre questionada sobre qualquer assunto, para exercício do direito de contraditório, são escassas as vezes que são obtidas respostas. Já os comunicados de imprensa, enviados a todos os órgãos de comunicação social, deixaram de ser enviados ao Tugaleaks em meados de 2014. O Tugaleaks chegou mesmo a escrever ao Comando Geral, nesse mesmo ano, dando conta do incumprimento da lei, mas também nunca obteve resposta. Tal atitude é uma clara violação da Lei de Acesso a Documentos Administrativos.

No site da GNR pode ler-se que “[a] Guarda tem por missão (…) garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, bem como colaborar na execução da política de defesa nacional, nos termos da Constituição e da lei”.

Aparentemente, a liberdade de imprensa parece não ser um direito que a GNR tenha como missão defender.