O Tugaleaks apresenta o relato na primeira pessoa do cidadão Ricardo Castelo Branco. Este cidadão foi ao Hospital e teve que levar 8 pontos. Ao tentar apresentar queixa, a agende pareceu não querer muito ajudar.

Anonymous na manifestação 22 de Março

 

Segue o relato:

Pese embora o facto de ter estranhado a forte concentração do Corpo de intervenção da PSP na rua do Carmo, encontrei-me com a manifestação dos Indignados no Rossio e deparei com uma manifestação ordeira mas contestatária como convém a uma manifestação. O ambiente era o de um protesto não violento, com activistas de vários movimentos de cidadãos. De vez em quando alguém exprimia a sua indignação de forma mais viva mas nada de especial.

Subimos a Rua do Carmo e a Rua Garrett sob forte presença policial e sem que nada o fizesse prever, junto à esquina da livraria Sá da Costa, vejo um manifestante ser arrastado para a rua adjacente e violentamente agredido por dois polícias do Corpo de intervenção. Os manifestantes começaram a apelar que se filmasse e documentasse um abuso de força policial quando um cordão de segurança os impediu.

Os cacetetes entraram em acção. Do lado dos manifestantes, e certamente por parte de agentes provocadores infiltrados uma vez que a PSP não tornou público o ter detido alguém (os ratos protegem-se), voaram alguns objectos. Eu apenas testemunhava os factos, de forma pacífica, a segurar o meu cartaz. Seguiu-se a primeira carga em que fui derrubado na esplanada da pastelaria Benard, agredido por bastões e pontapés (tudo isto apesar de estar no chão, sem oferecer nenhum tipo de perigo à ordem pública ou resistência a uma autoridade que só se desautoriza ao adoptar comportamentos próprios de uma república das bananas.

Entretanto a manifestação tinha sido cortada em duas. Os meus óculos tinham voado e só consegui recuperar uma parte da armação graças às pessoas que me socorreram e a quem agradeço a solidariedade e dignidade humanas demonstradas. Tentei repetidamente voltar a integrar a manifestação no que fui várias vezes impedido pela polícia.
Recorri, na companhia de amigos ao Hospital de São José onde dei entrada como vítima de agressão.

Estava na sala de triagem quando uma mulher-polícia veio saber do ocorrido e perante o narrado não encontrou nada mais inteligente para dizer do que: «Também há um polícia com a cabeça partida». Quando lhe disse que pretendia apresentar queixa esgueirou-se com um »Depois tem tempo!» para não voltar a aparecer. Mais uma vez se nota aqui o instinto de uma corporação mais interessada em proteger os seus apaniguados do que em preservar a legalidade!

Entretanto tinha sido suturado com oito pontos na região parietal.

E agora?
Agora estou a recolher depoimentos, testemunhos e documentação que prove os abusos acima narrados no sentido de processar criminalmente a PSP e o Estado Português. Não me movem pedidos de indeminização, apenas quero que, por uma vez, a culpa não morra solteira; que este género de abusos não se voltem a repetir e que os responsáveis sejam condenados por vários crimes que vão do abuso de autoridade, violência policial, agressão, danos patrimoniais, impedimento dos direitos constitucionais de manifestação, de expressão da opinião e de livre circulação. A todos os que documentaram o sucedido agradeço o envio da mesma de molde a poder elaborar um processo documental de suporte a quanto acabei de contar.

Uma última palavra de agradecimento a todos aqueles que, mesmo com risco da sua integridade física, me ajudaram e ajudaram as outras vítimas de uma tão inútil quanto absurda violência policial.

Ricardo Castelo Branco

Violência policial

O Tugaleaks vai acompanhar a situação, por forma a que a aparesentação da queixa siga com o nosso apoio, nem que seja moral.

Para contactarem o cidadão Ricardo Castelo Branco usem o seu facebook.