Hoje o Tugaleaks apresenta uma entrevista com o grupo considerado hacktivista por uns e ativista por outros mais famoso em Portugal pelos recentes ataques a sites ligados ao Governo e à corrupção em geral, o LulzSec Portugal.
Tugaleaks: LulzSec Portugal para os poucos que não vos conhecem, quem são e como se identificam?
LulzSec Portugal: Somos apenas um grupo de autodidactas descontentes com as medidas do Governo e com a corrupção em geral. Há quem nos chame de “hackers”, embora não nos consideremos como tal.
TL: Alguns têm feito críticas e outros apoiado, as várias incursões em defaces por mais de 20 sites até agora. Como vocês vêm esse movimento? São mais a favor, são mais contra?
LP: O nosso objectivo passa por mostrar o nosso descontentamento com as medidas do Governo. Os defaces servem para nos expressarmos, no fundo é o nosso protesto. Nesta “luta” tentamos “elevar” a voz do povo, mostrar que as pessoas estão desagradadas. Em relação às críticas, é impossível agradar a gregos e troianos, “Deus” não agradou a todos portanto não vamos ser nós a agradar
TL: Existem várias tentativas de contacto dos media para falarem com vocês e até hoje esta foi a primeira entrevista publicada. O que vos leva a, até ao momento, terem evitado o mainstream media?
LP: Temos dito aos media (que nos contactam) que o nosso objectivo não passa pela fama. Não queremos que nos vejam como uns miúdos à procura da fama. Somos um grupo com uma ideologia, e lutamos por essa mesma ideologia.
TL: Já tiveram até ao momento algum problema legal com a PJ ou PSP? Sabem se algum dos defaces efetuados está atualmente em investigação por alguma força policial em Portugal?
LP: Até ao momento não tivemos problemas.
TL: E esperam vir a ter no futuro?
LP: É provável mas não estamos preocupados com isso.
TL: Quando fazem defaces fazem estragos? Quando fazem leaks de bases de dados, deixam-nas no servidor ou apaga-mas?
LP: Quando fazemos defaces não apagamos nada dos servidores. As BDs apesar de serem expostas, nunca são apagadas. Não estragamos nada nos servidores, o objectivo nunca foi nem será destruir.
TL: Para haver um deface tem que primeiro haver uma falha. Consideram que os sites geridos ou feitos por empresas para o Governo têm um nível de segurança baixo, para ser fácil o acesso alheio?
LP: Infelizmente em Portugal não se dá valor à Segurança Informática, e isto no futuro pode trazer graves problemas para o País a nível de “espionagem eletrónica”. Existem muitos sites importantes com passwords em plain text, ou passwords sem a mínima segurança, como por exemplo “123456”, “password”, “password123”, enfim há de tudo. Talvez os nossos “ataques” ajudem a melhorar a segurança informática no nosso país.
TL: Atualmente por quantos elementos é composto o LulzSec Portugal?
LP: Todos os dias juntam-se novos elementos, neste momento é impossível dizer quantos somos ao todo.
TL: E algum de vocês têm algum background em segurança ou informática, ou o vosso conhecimento surgiu por paixão?
LP: A maior parte é por paixão, como disse anteriormente, somos autodidactas. Gostamos de estar sempre a aprender e a estudar novos métodos.
TL: Quem estiver a ler esta entrevista e se decidir juntar a vocês, como podem contribuir? Qual é o primeiro passo?
LP: Qualquer pessoa que queira ajudar pode fazer parte do grupo. Podem contribuir com críticas, com suspeitas de corrupção, com notícias, etc. Para isso basta enviarem um email ou entrarem no nosso canal do IRC.
É importante que as pessoas mostrem o seu descontentamento.
TL: Têm receio que o vosso canal de IRC esteja já “monitorizado” como aconteceu em Espanha e outros países onde houveram ataques?
LP: Como disse anteriormente, não estamos preocupados, podem fazer a “monitorização” à vontade, chegar até nós não vai ser fácil.
TL: O LulzSec Portugal tem também apoiado e feito retweets de movimentos como o Ocupar Lisboa. Consideram que Portugal está numa fase de descontentamento que por si só têm aumentado os movimentos de contestação?
LP: É do conhecimento de todos que o povo está descontente, estamos a viver uma situação de contenção, todas as pessoas têm que “apertar o cinto” menos os políticos, é normal que as pessoas se revoltem. É assim que tem de ser, já chega de comodismo.
TL: O que acham dos movimentos atuais como o Ocupar Lisboa, Precários Inflexíveis, Indignados Lisboa, Zeitgeist Portugal, etc?
LP: Todas as “organizações” que tenham o objetivo de mudar o rumo deste país achamos que merecem o nosso aplauso.
TL: O que se pode esperar do LulzSec Portugal no futuro?
LP: Pode esperar-se muita “luta” contra a corrupção, muitas mentiras irão ser reveladas, e os protestos vão continuar.
TL: E por fim, que mensagem pretendem deixar aos Portugueses que lêm esta entrevista?
LP: Queremos dizer aos Portugueses que há que lutar, já chega de ficar no comodismo, não adianta de nada estar sempre a reclamar sem sair do sofá. Há que sair à rua, protestar, não fazer greves por tudo e por nada mas sim greves organizadas, greves que causem o verdadeiro impacto que façam parar o País. Só assim vamos conseguir mostrar o nosso descontentamento.
Obrigado ao grupo LulzSec Portugal. Da nossa parte, vamos ter sempre uma porta aberta às vossas notícias e teremos certamente muito mais para dizer sobre vocês no futuro!