Situação aconteceu no Barreiro e está a causar vários comentários negativos na localidade pelas redes sociais. Comandante assegura que vai verificar o que se passa.

Já era de noite. 15 de setembro. Elias Santos passeava os cães pelo Barreiro.
O que podia ser um dia normal acabou por ser um ato de cidadania humana que poucos conseguem ter. Ao ouvir uma pessoa chorar desesperada aproxima-se e pergunta o que se passa.

Encontra Cátia, a ligar para os bombeiros desesperada. Tinha deixado as chaves de casa dentro de casa e pedia a ajuda dos bombeiros para lhe abrirem a porta. Mas do outro lado recebia respostas como “então se não tem dinheiro eu não posso fazer nada, isto tem que ser pago no ato, ou seja eles abrem a porta e você paga”, “do meu bolso não posso pagar” ou ainda “ou paga ou a gente não abre a porta”.
Num mês em que a escola “leva” muito do orçamento familiar, Cátia não tinha 50EUR para pagar aos bombeiros.

“Então mas vocês vão-me deixar na rua?”. “Sem o pagamento não podemos fazer nada, mas olhe ligue para a polícia”, respondeu Ana, da corporação de Bombeiros Voluntários do Barreiro.

Cátia não desistiu. Ligou para a PSP. A polícia indicou que nos bombeiros se podia pagar posteriormente mas os bombeiros não afirmaram isso. Ligou para o 112 que disse não ser uma emergência. E quando perguntava se “vocês vão-me deixar na rua?” não tinha respostas positivas.

O relato de tudo, publicado no Facebook de Elias Manuel Pereira Santos e também no Facebook da filha de Cátia,  conta os pormenores que se resumem a, de acordo com fontes do Tugaleaks, um “desumanismo” da parte dos bombeiros.

Elias, que passeava os seus cães, prontificou-se a pagar os 50EUR. Quinze minutos depois os bombeiros chegaram e a porta foi aberta. Cátia e a sua filha puderam dormir na sua casa. Este foi “uma pessoa que caiu do céu”, conta Cátia. Alguns minutos depois, a porta foi aberta pelos bombeiros com a ajuda da PSP. 

E se Elias não estivesse a passar, qual seria o desfecho desta situação?

 

Aberto processo de averiguações

Esta foi, de acordo com o Comandante dos Bombeiros, uma abertura de porta sem socorro. Como esta foi também uma situação anormal, “foi aberto um auto de averiguações” para verificar o que aconteceu e para “melhorar os procedimentos”.

O comandante refere ainda que este é um serviço que embora esteja “sujeito a um conjunto de situações [nomeadamente, se existirem crianças em casa, por exemplo] pode ser regularizado posteriormente”, porque esta é uma “prestação de serviço que não é prestação de socorro”.

 

O Tugaleaks pediu um comentário ao Blog Diário de um Bombeiro, foi considerado a Imagem de Marca dos Bombeiros em 2013. Fonte oficial indicou que “mesmo que seja uma prestação de serviço, nós bombeiros facilitamos. Somos humanos, sabemos que as pessoas passam dificuldades! Nem que se juntem 10 membros de uma corporação e ajudem a pagar. Ou nem que se resolva a situação de outra forma. Nós facilitamos.”

Quanto a Cátia, garante que vai “pedir o livro de reclamações” para esclarecer a situação.

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Foto: Facebook Bombeiros Voluntários do Barreiro – Corpo Salvação Pública