A primeira vez roeu a corda. O dono certificou-se que à segunda já não o fazia. Chama-se Melissa e foi salva de quem a queria ver morta.
Seis da manhã. O alerta é dado peclalos maquinistas. Um deles conta ao marido de Cláudia Oliveira, que é também maquinista. Sabem que a Cláudia é dedicada à causa animal.
Segundo as palavras da Cláudia que publicou a situação no Facebook, o cenário era de uma “cadela esquelética, desnutrida, desidratada, ferida e AMARRADA COM UMA CORDA AO CARRIL, DEIXADA PARA MORRER DE UMA FORMA ATROZ”.
Conta ainda que “[c]onseguimos cortar a corda com uma pedra, dado que estava muito bem atada” e a Melissa, nome que deram à cadela, “simplesmente pulou para o meu colo de onde não queria sai”, pois a ajuda de um estranho pareceu-me, provavelmente, mais segura do que o abandono de um dono.
Já no veterinário, longe do perigo humano que a deixava praticamente à morte certa, ficou-se a saber que “está desnutrida e desidratada, tem ferimentos provocados pelo comboio (no focinho e costas) e possivelmente sarna”.
A cadela foi vista duas vezes na linha do Douro. Uma no sentido Recarei-Trancoso e outra no sentido Trancoso-Recarei. A cadela terá roído a primeira corda que lhe puseram, mas que o dono deve ter voltado para acabar o “trabalho”.
O Tugaleaks contactou Cláudia Vieira que nos disse que a cadela está “a recuperar muito bem, já engordou 2 kg e é super dócil apesar de tudo”.
Existe uma Página de Facebook criada para dar conta do problema e a quem quiser colaborar, seja com donativos ou apoio, a página fornece os contactos de e-mail necessários. A recuperação da Melissa, embora um sinal positivo, nunca lhe vai tirar o susto que teve mas mais ainda a sorte que teve em ser salva.
Cláudia queixa-se da lei em Portugal, afirmando que “[s]e a lei fosse mais dura e justa metade destes crimes não aconteceria”.
Esta situação é confirmada pela entrevista publicada pelo Tugaleaks em Maio deste ano onde o PAN – Partido dos Animais e da Natureza – afirmou que “animais não humanos partilham com o animais humanos o mesmo interesse em sobreviver, o mesmo interesse numa vida livre de sofrimento” e que apenas “as lutas de cães” são punidas criminalmente em Portugal, “com pena de prisão até um ano ou com pena de multa”.
As autoridades foram contactadas mas foi sempre “o jogo do empurra”.