Chegam a ficar fechadas no quarto ou a serem atendidas como toxicodependentes. Na chamada terra das “tias”, o hospital parece fazer justiça ao cognome popular da cidade.
Aconteceu há poucos dias e foi denunciado num blog. Uma infecção urinária acabou por levar uma pessoa com tatuagens ao Hospital de Cascais. Mas a tatuadora foi confundida com uma toxicodependente.
O Hospital de Cascais, uma PPP, é citado no referido bloc como “campeões em incompetência planeada, negligência e fascismo social”. Contam que o “Estatuto Social” de uma pessoa com tatuagens fica diminuído naquele hospital.
Lipa, uma body piercer no Colombo que estava com uma infecção urinária, dirigiu-se às Urgências do Hospital de Cascais e “pior dos tratamentos por parte da equipa médica das Urgências, que devido ao seu aspeto físico (tatuagens, piercings, roupas, etc.) logo a determinou como toxicodependente (não é, escusado seria dizer) e a tratou como nem se tratam os animais”.
Tiraram-lhe sangue mas, aparentemente, não foi para verificar a infecção. O relato conta que “ os médicos partiram do preconceituoso princípio de que, se a jovem estava tatuada, era por ser uma marginal com sid”.
Mais grave ainda, que salienta ainda o artigo, é que a Lipa saiu do Hospital sem ser tratada, porque “foi recusada” a análise necessária à doença do qual a paciente se queixava porque “além de cumprir as ordens ministeriais de não fazer despesas, o Hospital de Cascais não gostou que ela não tivesse simplesmente uma borboleta na omoplata direita”.
Dias depois a Lipa e o namorado, acompanhados pelo pai do namorado, que efectuou o relato no blog, dirigiam-se novamente ao Hospital de Cascais mas sem sorte alguma novamente. Contam que a ida ao Hospital serviu apenas para “eu chamar uns nomes a quem estava por perto e apontar tudo o que estava a suceder no Livro de Reclamaçõe”.
Imagem da Lipa
Dar à luz com tatuagens também é complicado ali
Ter um filho é talvez dos momentos mais mercantes na vida. Mas este não foi. O Tugaleaks ficou também a conhecer outro caso onde houve uma discriminação com pessoas que usam tatuagens. Em Outubro de 2012 a Andreia, nome fictício, foi ter gémeos no Hospital de Cascais. Ela tinha tatuagens também. Nasceram a dia 15, findas 19 horas de sofrimento. Ela conta que “o meu parto foi lá e fui super maltratada, estava em pre-emclapsia e os gajos recusaram fazer-me cesariana. Fiquei 19 horas em sofrimento e um dos meus bebes nasceu roxo roxo, de estar em sofrimento tantas horas sem liquido amniótico. E a posição em que estavam impossibilitava o nascimento de parto normal. Após 19 horas o médico teve de os tirar em 15 minutos senão morríamos os 3. Eu senti tudo a anestesia nem teve tempo de fazer efeito”.
Com o nascimento dos bebés as coisas não mudaram: “durante a minha ‘estadia pós parto tinha a tensão alta e eles fecham te num quarto sozinho sem ninguém. Desmaiei duas vezes e quem deu por mim foi a minha mãe e marido quando chegavam a hora da visita. Podes morrer dentro do quarto que ninguém dá por ti“.
Hospital não comenta ficha da paciente
O Tugaleaks contactou o Hospital de Cascais, através do Conselho de Administração e do sector de comunicação desta unidade. Fomos informados que devido a ser um processo de um doente, e por isso confidencial, não iriam comentar o caso.
No entanto, fonte Hospitalar garantiu ao Tugaleaks que “o Hospital de Cascais é creditado por uma entidade independente, a Joint Commission International, que certifica a qualidade e segurança dos pacientes e dos processos utilizados em organizações de saúde em todo o mundo“.
O Tugaleaks sabe que, provavelmente hoje, irá sair no blog Bitaites uma actualização ao estado de saúde da Lipa.