Espionagem chinesa no Chile preocupa os E.U.A

Um telegrama recentemente divulgado pela WikiLeaks indica que os Estados Unidos estão preocupados com as actividades da ‘inteligência’ chinesa no Chile. De acordo com o documento, a intensificação das relações bilaterais entre o Chile e a China, que ocorre a par do aumento da cooperação militar entre os E.U.A e o Chile, acarreta o aumento das actividades de recolha de informações por parte dos serviços de segurança e informações chineses, o que se verificará no crescimento do número de agentes ‘in situ’ e das acções clandestinas visando as elites e os sectores estratégicos daquele país.

De facto, em 2005, a missão chinesa no país — “alegadamente uma das maiores da América Latina” — era composta por 22 funcionários, activos no circuito social local e fluentes em Castelhano. Também no mesmo ano, a Xinhua, a agência de notícias oficial da República Popular da China — e parte do ‘apparathus’ chinês — tinha 3 correspondentes no país — 12, em 2004, durante a Cimeira da APEC. Não é de estranhar, pois, que “pessoal apropriado” afecto à embaixada — leia-se CIA, DIA — tenha procurado sensibilizar os chilenos para os riscos para a segurança interna do país resultantes da presença chinesa e da cooperação entre os dois países no plano militar e económico. Um exemplo interessante da cooperação militar entre os dois países é o programa de competências básicas em Mandarim, iniciado em 2004, para os oficiais do exército chileno.

O telegrama, enviado a 29 de Agosto de 2005 para Washington, D.C., pelo então embaixador dos E.U.A, Craig A. Kelly (2004-2007), mostra que, para este ‘posto’, os chilenos revelam ingenuidade ao  considerarem-se “imunes” às actividades de espionagem no seu território e por desconhecerem, no ponto de vista norte-americano, as [verdadeiras] intenções dos chineses — recolher informações, via Chile, sobre as estratégias e técnicas militares desenvolvidas no âmbito de exercícios militares conjuntos e cooperação técnica entre os E.U.A e os países da região do ‘cone do sul’.

Estas ‘revelações’ não são, de todo, surpreendentes. A actividade dos serviços de informações chineses na América Latina é conhecida e encontra-se documentada em diversos relatórios do sector privado. Embora seja em Cuba, na Venezuela e no Perú (com uma comunidade chinesa, os tusheng, de mais de 1 milhão de habitantes) que a ‘inteligência’ chinesa opera com mais liberdade, os interesses desta ‘máquina’ são globais e integram, obviamente, toda a América Latina. Os riscos, para os países da região (e para os interesses dos Estados Unidos) são, indubitavelmente, sérios — ingerência nos assuntos internos, espionagem económica, industrial e militar.

 

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