Há algo de errado quando são vigilantes privados a defenderem um armazémcom material do Exército e não os próprios militares ou forças “in house”.
São centenas, se não milhares, os militares e elementos das forças de segurança que estão na secretária ou em funções que podiam ser revistas e alteradas. Uma das alternativas, das várias, é o patrulhamento de instalações internas do Estado.
Enquanto temos mão-de-obra especializada e armada, paga pelos contribuintes, os sucessivos Governos preferem entregar a patrulha de material de guerra de um armazém do Exército a uma empresa de segurança privada. Este, estima-se, é um dos muitos exemplos.
Recorde-se que, no incidente em Tancos há alguns meses, o sistema de videovigilância estava avariado. Neste armazém, em Lisboa, o sistema funciona e é humano, mas custa por ano valores que podem chegar aos 45 mil euros.
De acordo com um documento oficial, ao qual o Tugaleaks teve acesso, este contrato de “vigilância e segurança humana” no Centro de Manutenção da Unidade de Apoio Geral de Material de Exército, na Ajuda (Lisboa), é feito apenas por um vigilante.
A empresa Ronsegur, a quem foi entregue a vigilância deste armazém, ao dia de hoje já teve, de acordo com informações no Portal Base, mais 44.000.000 euros em adjudicações.
Militares do Exército não podem disparar
Mas, mesmo que os militares estivessem de vigia às suas próprias instalações, disparar uma arma num eventual assalto seria proibido. Parece confuso, certo?
Quem o diz é o Coronel António Feijó da AOFA – Associação de Oficiais das Forças Armadas. Numa mensagem publicada em Julho, “as sentinelas nos nossos quartéis andam sem carregadores municiados nas armas e apenas dispõem de um outro, nas cartucheiras, com poucos cartuchos e lacrado”. O militar diz mesmo que não podem defender as suas próprias instalações porque “retirar o carregador vazio, deslacrar o que levam na cartucheira, colocá-lo na arma e disparar é uma impossibilidade, porque antes – já foram desta para melhor”.
O Tugaleaks tentou contactar o Exército em busca de uma posição oficial. No entanto, após várias tentativas, não recebemos qualquer resposta ao comentário a esta situação.
Foto: Manda-te
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