Espanhola foi despedida por não ir trabalhar no dia do seu despejo\

Espanhola foi despedida por não ir trabalhar no dia do seu despejo

“Você já tem idade suficiente para saber quais são as suas responsabilidades. Atente-se às consequências” foi a justificação para a demissão da Amaya Muñoz, de 31 anos, que em Setembro deste ano se viu novamente desempregada, desta vez pela empresa de call-center espanhola, Konecta.

Segundo “La Voz de Galicia” a situação deu-se como seguimento a faltas justificadas, que em total excederam os 20% do tempo trabalhado e que, pela reforma trazida pela nova legislação trabalhista espanhola, aprovada no ano passado como parte do programa de austeridade contra a crise económica, valida a decisão da empresa.

Despedida do seu emprego anterior, ela ficou com a impossibilidade de pagar a renda de 600 euros mensais, o que levou a uma acumulação de dívidas de aproximadamente 8 mil euros para com o senhorio do apartamento onde vivia.
No dia 11 de Setembro Amaya deparou-se portanto com um aviso de despejo, com conseqüências imediatas.
Ainda tentou negociar um horário alternativo, pois estava de serviço naquele dia, mas foi-lhe recusado.

 

Espanhola foi despedida por não ir trabalhar no dia do seu despejo\
A mesma resposta negativa foi-lhe dada pela sua superior, que ainda aproveitou para descaradamente mostrar desprezo pela baixa médica tirada pela Amaya por precisar de apoio psicológico devido à angústia provocada pela situação precária em que se encontrava.
Sem outra solução aparente, Amaya faltou ao emprego no dia do despejo.
Demasiado abalada com tudo o que lhe estava a acontecer e com a presença de uma centena de polícias a esvaziar a sua casa, tive que ser levada ao hospital, onde lhe sugeriram uma semana de baixa, por impossibilidade de trabalhar.
Ainda em Setembro, Amaya voltou ao trabalho, continuando a desempenhar normalmente a sua actividade por alguns dias até receber uma chamada do departamento de Recursos Humanos, a avisa-la da decisão.

Rapidamente o caso desta mulher tornou-se um símbolo de solidariedade social, Amaya dando assim rosto a milhões de espanhóis que vivem o maior pesadelo da crise social existente actualmente na Espanha.
Segundo o jornal Operamundi, cerca de 350 mil execuções hipotecárias foram concluídas desde o início da crise imobiliária no país, com uma média de 500 despejos diários.
O mesmo jornal deu conta de vários casos de suicídio que aconteceram este ano devido ao desespero de pessoas que se encontravam na mesma situação.

O caso desta corajosa mulher despertou a atenção de vários movimentos cívicos em Espanha, que organizaram via redes sociais um protesto, terça-feira passada,dia 29 de Outubro, para demonstrar o repúdio a este tipo de atitudes da empresa. A PAH (Plataforma dos Afectados pela Hipoteca) também tomou consciência da causa e direccionou a Amaya para a CGT (Confederação Geral do Trabalho da Espanha), com a qual esta já confirmou estar a ponderar entrar na justiça contra a Konecta:“Quero denunciar para encorajar outras pessoas que trabalham na empresa ou em outras em situação semelhante a minha”, disse ela para o mesmo jornal. “Não tem sentido que me despeçam por faltas justificadas”.

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