Foi há cerca de um mês que a entrevista foi feita. Citações mal feitas surgiram e foi pedido direito de resposta. Não foi publicado e a entrevista foi apagada do site.
O Correio da Manhã (CM) é já conotado no activismo nacional como um meio demasiado popular e pouco credível para histórias. Uma das mais recentes foi publicada não só pelo CM indicando que o RDA69 era um colectivo que apelava à violência. Outros exemplos seguem-se, ao longo da história, proporcionando um clima de desconfiança e prepotência de um jornal que, por ser dos maiores e estar manifestamente impermeável à crise das vendas dos jornais em papel e à austeridade, apresenta, com algumas excepções, um fraco jornalismo e uma medíocre investigação.
Ainda assim e com vista a uma tentativa de passar uma informação coesa e digna, decidimos participar numa entrevista, solicitada pelo jornalista José Marques no dia 20 de Setembro. Poucos dias depis a entrevista era gravada em Belém, no mesmo dia em que manifestantes fizeram ouvir a sua voz em frente ao Palácio e Belém.
A entrevista foi gravada apenas pelo jornalista, daí que todas as citações que indicamos estarem erradas são facilmente verificáveis pela audição da gravação.
No dia 30 de Setembro foi publicado na revista Domingo do Correio da Manhã um artigo que citava o fundador do Tugaleaks em alguns factos. Também foi publicado online neste link que está agora inacessível ou apagado mas que no entanto ainda está “pesquisável” no site do CM, fazendo prova de que em tempos o link existiu efectivamente. Note-se que notícias mais antigas estão ainda disponíveis, pelo que pensamos que a remoção da notícia tenha sido devido à nossa contestação dos factos. Desta forma o CM está a promover um clima de censura jornalística inaceitável.
Contestamos dois simples factos:
- Sobre a investigação do caso da licenciatura de Miguel Relvas, o CM afirma que o Jornal O Crime investigou a partir da informação do Tugaleaks. Tal não corresponde à verdade e mereceu contestação.
- O jornal indica também que o Rui Cruz, fundador do Tugaleaks, é o único que dá a cara. Na verdade, e existem e-mails trocados com o jornalista, na altura “ninguém quis falar” e pessoalmente foi falado que haviam algumas pessoas reticentes a falar para esse jornal.
Sendo o primeiro facto fruto da desinformação jornalística, o segundo facto deturpa a verdade no sentido de promover o bom nome do CM ao contrário do que foi indicado em conversa gravada.
Desta forma, e depois de termos contactado o jornalista por e-mail e telefone, que se recusou inicialmente a alterar a notícia na Internet porque “ficava diferente da original emviamos para a direcção do CM um pedido de direito de resposta, que continha o seguinte texto, a publicar na integra e com o mesmo detaque:
No passado dia 30 foi colocado nesta revista duas citações da minha pessoa que não correspondem à verdade.
Assim, informo que no artigo “Segredos à Portuguesa”, houve quem não quisesse falar com o Correio da Manhã e não sou apenas eu que dou a cara. Mais informo, que no que toca ao caso Miguel Relvas, que o Tugaleaks apenas comparou informações em dois sites do governo que eram divergentes e apresentou uma queixa no CADA (Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos) por se recusarem a mostrar documentos públicos a um cidadão. A investigação foi feita pelo semanário O Crime e não o contrário como foi indicado no artigo do Correio da Manhã. O movimento cívico que fundei, Tugaleaks, pauta-se pela liberdade de informação mas sempre por uma informação verdadeira.
Duas semanas depois, recebemos resposta do jornalista em causa:
Estive de férias nas últimas duas semanas e foi essa a razão de não termos respondido à sua última mensagem.
Na próxima edição da Domingo, publicaremos uma correcção salientando que a investigação sobre o caso Relvas não foi originada pela Tugaleaks, nem as acções do vosso site deram origem às reportagens do jornal ‘O Crime’ sobre o assunto.Admito que o texto que publicámos possa conter alguma incorrecção, mas não foi minha intenção deturpar o que disse, até porque a citação explica as acções que desenvolveu em relação a esse assunto.
Julgo serem claramente excessivas as expressões que usa na sua mensagem, em que menciona “falsas declarações citadas” ou diz “o vosso artigo deturpou a verdade” . Repudio essa qualificação do meu trabalho.
Assim, este domingo o único destaque que houve, foi no fim da edição e ao lado de jogos e do Horoscopolo Chinês, a seguinte mensagem:
Peranta tamanha afronta, foi efectuada hoje uma queixa na ERC, a entidade que regula a comunicação social, tendo por base cinco pontos:
- O CM não publicou a nota enviada à direcção e decidiu escrever uma “nota”, tentando passar por cima de preceitos legais e direitos homolgados do direito de resposta presentes na Lei n.º 2/99, de 13 de Janeiro, entre outras
- O CM apagou o artigo original, que foi lido por milhares, se não milhões, impossibilitando na Internet a correcção da informação incorrectamente prestada, tendo admitido que o mesmo “possa conter alguma incorrecção”. Sendo o Tugaleaks basedo na Internet, local onde mais pessoas leram as notícias, só podemos concluir que houve tentativa de silenciamento da “má” notícia em vez da respectiva correção
- O direito de resposta, previsto na lei, não foi feito, tendo sido substituído por uma “nota” que não liga de forma alguma, em contexto, título da notícia ou valor de destaque à notícia que saiu.
- A nota não foi publicada na Internet
- O jornalista em primeira instância e via telefone recusou-se a alterar a notícia e apenas quando o Tugaleaks se dirigiu à direcção do CM foi publicada a correcção, havendo uma clara intenção de não corrigir uma falha que se veio a admitir na correcção feita.
Esperemos que desta forma a notícia seja recolocada online, bem como a correcção, e exigimos um pedido de desculpas do Correio da Manhã pela falta de dignidade com a qual tratou este Movimento Cívico.
PS: a quem tiver a revista Domingo de 30 de Setembro e nos possa enviar a digitalização do artigo “Segredos à Portuguesa”, entre em contacto.